Páginas

sábado, 29 de outubro de 2011



VIVENDO NO MUNDO SEM SER DO MUNDO

Um cristão vivendo no mundo sem ser do mundo é um sinal de contradição às concessões com as quais se conformam muitos dentro da igreja. Esforços serão feitos para que o discípulo de Jesus seja visto e se sinta como um tolo. Porém tolos por Cristo formaram a igreja primitiva. E à medida que aquele minúsculo grupo de crentes crescia, o mundo testemunhava o poder dessa tolice.

"Essa mesma insensatez é a única esperança que temos de libertação. A maior ameaça a qualquer sistema é a existência de tolos que não acreditam na realidade última desse sistema. Arrepender-se e crer numa nova realidade — é essa a essência da conversão." Juntamo-nos à Igreja, cujo propósito é tornar visível essa realidade no mundo.

Os verdadeiros discípulos vêem o cristianismo como meio de vida tanto diante quanto longe da lente das câmeras. Obviamente a perspectiva não parecerá atraente a todos. As fileiras da membresia da igreja diminuirão. Por serem diferentes, os cristãos parecerão diferentes e agirão de forma diferente das outras pessoas. O nome de Jesus não será mais tomado casualmente nem os mistérios cristãos profanados. Os escândalos que abalaram recentemente o corpo de Cristo serão vistos em perspectiva como "uma alvorada de purificação" anunciando a luz do dia da fé vivida no Deus vivo.

A manhã da ressureição confirmou o caminho de Jesus e validou a autoridade de seu senhorio. O Mestre disse-nos para não subestimarmos o poder de nossa cultura. Nosso mundo, cheio de incrível insensatez, insistirá que somos tolos. Porém a ressureição nos convence da sabedoria de Deus e de seu poder para transformar o mundo. Nossa fé no Cristo ressurreto é o poder que vence a nós mesmos, nossa cultura e nosso mundo.

Nas palavras de Paulo em Romanos 12:2: "E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus".

Trecho extraído do Livro "Assinatura de Cristo" de Brennan Manning


sexta-feira, 28 de outubro de 2011


Dietrich Bonhoeffer

uma vida em estado de Graça


Desde que comecei a ler o livro Vida em Comunhão (Editora Sinodal) de Dietrich Bonhoeffer, tenho sido grandemente impactado pela reflexão profunda deste teólogo alemão que experimentou de forma muita intensa a graça da comunhão, especialmente quando cuidou do Seminário de Pregadores da Igreja Confessante em Finkenwalde. Destaquei alguns trechos do livro que nos desafiam a valorizar o presente da vida com nossos irmãos de fé.

"Nossa comunhão consiste unicamente no que Cristo fez por nós dois. E isso não é assim apenas no início, como se, no decorrer do tempo, algo fosse acrescentado a essa comunhão, mas assim será para todo o futuro e toda a eternidade. Só tenho e terei comunhão com outra pessoa através de Jesus Cristo. Quanto mais autêntica e profunda for nossa comunhão, tanto mais tudo o resto ficará em segundo plano, com tanto mais clareza e pureza Jesus Cristo, única e exclusivamente ele, e sua obra se tornarão vivos entre nós. Temos uns aos outros apenas através de Cristo, mas através de Cristo de fato temos uns aos outros, inteiramente para toda eternidade".

"Deus odeia fantasias, pois elas tornam a pessoa orgulhosa e pretensiosa. Quem idealiza uma imagem de comunhão exige de Deus, das outras pessoas e de si mesmo que ela se torne realidade. Entra na comunhão cristã colocando exigências, estabelece uma lei própria e a partir dela julga os irmãos e até mesmo Deus ... Age como se precisasse criar primeiro a comunhão cristã, como se seu ideal fosse unir as pessoas. Tudo o que não acontece de acordo com sua vontade é considerado como fracasso. Lá onde ela vê seu ideal ser destruído, ela vê a comunhão se quebrando. Assim, primeiro ela se torna acusadora de irmãos, então de Deus e, por fim, acusadora desesperada de si mesma. Não entramos na comunhão com outros crentes colocando exigências, mas com gratidão e como agraciados, porque Deus já colocou o único fundamento de nossa comunhão, porque há muito tempo, mesmo antes de entrarmos na comunhão com outros cristãos, Deus já nos uniu com eles num só corpo em Jesus Cristo. Agradecemos a Deus pelo que fez por nós. Agradecemos a Deus por ele nos dar irmãos que que vivam sob o seu chamado, seu perdão e sua promessa. Não nos queixamos por aquilo que Deus não nos dá, mas agradecemos pelo que ele nos dá diariamente. Por acaso não basta o que nos é dado: irmãos que, em pecado e tribulação, ficam ao nosso lado sob sua bênção e graça? ... Mesmo quando pecado e desentendimento pesam sobre a comunhão, o irmão pecador não permanece sendo o irmão junto do qual estou colocado sob a palavra de Cristo? Seu pecado não se torna um motivo para renovadamente dar graças por podermos ambos viver sob o amor perdoador de Deus em Jesus Cristo?"

"Na comunhão cristã acontece o mesmo com o agradecimento nas outras áreas da vida cristã. Apenas quem agradece pelas pequenas coisas, recebe também as grandes. Nós impedimos Deus de nos presentear com as grandes dádivas espirituais que ele reserva para nós, porque não lhe agradecemos pelas dádivas cotidianas. Achamos que não devemos nos dar por satisfeitos com a pequena medida de reconhecimento espiritual, experiência, e amor que nos foi proporcionada, e que devemos sempre aspirar aos dons supremos ... Oramos pelas grandes coisas e esquecemos de agradecer pelas pequenas dádivas do dia-a-dia (que na verdade não são tão pequenas assim!). Mas como Deus pode confiar coisas grandes a quem não aceita com gratidão as pequenas coisas de sua mão?"

"Por isso, quem pode até este momento viver em comunhão com outros irmãos, que louve a graça de Deus de joelhos e reconheça: é graça, nada mais do que graça, o fato de que hoje ainda podemos viver em comunhão com irmãos cristãos"